Criatividade e educação musical

Criatividade e educação musical

O que é a criatividade?

Não há uma definição única, mas os conceitos de criatividade convergem para a ideia do ato e processo de se gerar algo novo, original. Em uma definição mais ampla, a criatividade seria o processo pelo qual diferentes áreas do conhecimento são transformadas culturalmente.

É criativa a pessoa que se depara com um problema e é capaz de elaborar uma solução, ou que consegue ver além do que é social e culturalmente estabelecido. A criatividade humana é capaz de viabilizar desde utensílios simples que facilitam a vida diária até obras de arte. Ideias criativas podem provocar transformações em nível mundial na forma como as pessoas realizam determinadas atividades, como no caso do advento da internet, ou de aplicativos como uber. 

Por que é preciso permitir que a criatividade permeie o processo de educação musical?

As experiências de criação musical fornecem contribuições valorosas na medida em que:

  • Contribuem com o desenvolvimento da imaginação e da expressão, integram o pensar e o fazer, exercitam o pensar-em-ação: o indivíduo tem uma imagem (mental, sonora) do que irá realizar, que é balizada pelas suas experiências prévias. Para conseguir executar o que está imaginando, precisa mobilizar conhecimento e habilidades motoras. Esse processo pode se estender ao longo do tempo, ou acontecer quase em simultâneo (pensar-em-ação) como no caso da improvisação musical;
  • Valorizam as experiências musicais dos alunos ao mesmo tempo em que possibilitam a transformação de suas ideias de música: o que significamos como “música” depende do contexto sociocultural e de nossas experiências prévias. Rotular logo de cara algumas ideias de música como boas ou ruins, pode desrespeitar a identidade do aluno. Mas experiências de criação propiciam que o indivíduo se aproprie de propostas, materiais, estilos ou linguagens, e a partir disso crie algo “seu”, de modo que o que antes pudesse causar estranheza agora passa a fazer parte do seu repertório de vivências;
  • Transformam pessoas e exercem papel fundamental no desenvolvimento amplo do ser humano;
  • Transformam o contexto em que ocorrem: a criatividade emerge dentro de um contexto  e desencadeia um processo de criação de soluções apropriadas para o mesmo. Tanto o resultado de um processo criativo é transformação por gerar algo novo, quando o próprio processo é transformador por ser capaz de dar sentido ou ressignificar relações sociais e culturais, bem como construir afirmações de identidades individuais e coletivas;
  • Promovem conscientização sonora, que pode abranger o próprio indivíduo (se ouvir), o outro (ao realizar criações coletivas) ou os sons de diferentes ambientes (como no caso do trabalho com paisagens sonoras);
  • Fomentam a motivação pois em algum momento o indivíduo verá que os recursos que já possui não o permitem ir além, o que gera o desejo de construir habilidades cognitivas e/ou motoras para dar expansão à sua criatividade.

Qual o papel do professor nas atividades de criação musical?

Não se cria do nada. A criação pressupõe o repertório de vivências do indivíduo, bem como os materiais e recursos a serem utilizados. Em todas as fundamentações teóricas,  a ideia central é promover atividades que tenham certo grau de estruturação, para que os alunos não se sintam perdidos e, ao mesmo tempo, permitir que tenham liberdade para expressarem suas ideias.

Em um ambiente de respeito e confiança, o professor irá realizar o papel de mediador de modo a interferir o mínimo possível, mas ao mesmo tempo instigar, questionar, dar feedback

É importante lembrar que as atividades de criação devem priorizar o desenvolvimento do aluno (o processo) e não o valor do resultado (produto). Mas isso é diferente de “fazer qualquer coisa”. Mesmo nas atividades de improvisação livre, como  as propostas por Hans-Joachim Koellreutter, o professor tem um papel questionador muito forte, de maneira a levar o aluno a todo momento a refletir sobre o seu processo de criação. 

Isso é importante, pois é a concentração e comprometimento com o processo que levam ao crescimento do indivíduo. 

Como estimular a criatividade na educação musical?

Diferentes autores fornecem embasamento para propostas criativas em educação musical, como Hans-Joachim Koellreutter,  Murray Schafer e  Keith Swanwick. 

Atividades como jogos sonoros, construção de arranjos, composição, improvisação musical, trabalho com paisagens sonoras, são exemplos de atividades que podem ser adaptadas para todas as idades e níveis de desenvolvimento musical. 

Quer ler o artigo científico que serviu de mote para a construção deste texto? Clique aqui: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/784

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