Autoeficácia e desempenho escolar

Autoeficácia e desempenho escolar

Em situação de aprendizagem, em qual cenário seu filho(a) ou aluno(a) se encaixa?

Cenário 1:

  • Apresenta aspirações elevadas;
  • Estabelece metas difíceis para si mesmo e visualiza o próprio sucesso;
  • Aborda tarefas difíceis como desafios (e não como ameaças a serem evitadas);
  • É perseverante, tem facilidade para se engajar e se concentrar nas atividades;
  • Se recupera facilmente de falhas e contratempos;
  • Atribui um eventual fracasso a causas controláveis, como um mau planejamento, por exemplo;
  • Considera eventuais impedimentos como superáveis, através do desenvolvimento pessoal, esforço e perseverança.

Cenário 2:

  • Estabelece metas pessoais mais fáceis, para evitar frustrações;
  • Visualiza situações de fracasso ou de risco, que o(a) impedem de se aventurar fora da zona de conforto;
  • Apresenta dificuldades de engajamento em atividades que exigem muito esforço mental, tende a ceder a pressões externas, e demandas alheias ao objetivo;
  • Caso ocorra algum fracasso, costuma atribuir isso a falta de capacidade pessoal;
  • Diante de determinadas tarefas/ desafios considerados difíceis, se sente incapaz ou incompetente;
  • Situações em que se esforçou e acabou falhando/fracassando o(a) deixam abalado(a) e desmotivado(a).

Tudo isso pode ser explicado por suas crenças de autoeficácia! 

A percepção de autoeficácia é o quanto o indivíduo acredita em sua capacidade de organizar e executar cursos de ação requeridos para produzir certas realizações. Crenças de autoeficácia muito frágeis podem fazer a pessoa operar abaixo do nível de suas potencialidades ou mesmo paralisar completamente.

Por que as crenças de autoeficácia compõe o mecanismo central da agência/proatividade humana?

Porque o indivíduo só é motivado para agir quando percebe que tem o poder de produzir alguma mudança como resultado de suas ações 

Quanto mais forte o sentimento de autoeficácia, as pessoas se tornam mais ousadas e podem se lançar em tarefas mais desafiadoras. Já o sentimento de impotência é altamente limitante e imobilizante.

A boa notícia é que se seu filho(a) ou aluno(a) se encaixou mais no cenário 2, é possível modificar este quadro ajudando a tornar suas crenças de autoeficácia mais robustas.

Como fazer isso, em seu papel de pai ou professor?

As crenças de autoeficácia são desenvolvidas por meio de quatro fontes de influência principais: experiências diretas, modelação social, persuasão verbal e indicadores fisiológicos. 

A maneira mais eficaz de criar um forte senso de autoeficácia é através de experiências de domínio, onde se consegue realizar com sucesso as atividades relacionadas a determinado assunto. 

Ao identificar alunos com crenças de autoeficácia muito frágeis, pode realizar uma intervenção, avaliando se a atividade proposta é adequada no nível do aluno, e fracionar atividades mais complexas em passos menores, fornecendo conhecimento, ferramentas e recursos para que ele tenha sucesso em cada etapa. Nessa fase de intervenção, é desejável a chamada “aprendizagem sem erro”, pois a fragilidade das crenças pode impedir o aluno de ver o erro como parte integrante do processo de aprendizagem nesse estágio. 

Os pais podem ajudar em casa realizando essa fragmentação das atividades em passos menores para as crianças pequenas e demonstrando como fazer isso às crianças maiores e adolescentes. Caso os pais não consigam fazer isso com o conteúdo escolar, pode ser necessário a ajuda de um professor particular, que irá identificar lacunas de conhecimento de base que estejam impedindo as crianças de progredir, e realizar essa ponte entre o nível em que a criança está e o conteúdo que está sendo visto em sala de aula.

Outra forma de influenciar a autoeficácia é a persuasão social. As pessoas que são persuadidas verbalmente de que possuem as capacidades para dominar determinadas atividades tendem a mobilizar maior esforço e sustentá-lo quando surgem problemas, desde que suas expectativas sejam confirmadas por bom desempenho. Então, depois de todo o cuidado para possibilitar que a criança/adolescente comece a ter mais sucesso do que fracassos nas atividades, é hora de elogiar o seu esforço (nunca sua inteligência) e mostrar que se conseguiu com isso, consegue em outras áreas em que esteja apresentando dificuldades.

A quarta influência sobre as crenças de autoeficácia são os indicadores fisiológicos, pois as pessoas tendem a interpretar suas reações de estresse e tensão como sinais de vulnerabilidade ou debilidade. Então é preciso mostrar que é normal se sentir levemente estressado ou ansioso diante de determinadas atividades, e oferecer ferramentas para que a criança/adolescente lide com isso sem achar que é falta de competência. Casos graves de ansiedade precisam de terapia.

A percepção e interpretação das reações emocionais e físicas é mais importante do que sua real intensidade, portanto cultivar emoções positivas pode facilitar a construção do senso de autoeficácia, ao reduzir reações de estresse e alterar propensões emocionais negativas, bem como interpretações equivocadas dos estados físicos como sendo falta de capacidade.

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